sunnudagur, september 17

É da batucada que a gente gosta.


Pense naquele frio. A chuvinha que te obriga a pedir ajuda aos polímeros em forma de capa plástica e no vento que piora seu reumatismo.
18ºC lá fora e menos 2ºC por dentro. A Islândia seria quente demais comparada ao gelo interior.
E a vida parece sem graça, sem sal, com tudo e sem nada.
No meio do caos, você se abriga em qualquer aventura pra tentar fechar o buraco que insiste em abrir cada vez mais.


"SHOW DO FRAAAANZ!"
Ah, legal. Ok, eu vou. Na verdade, eu gosto mais de Art Brut e também queria ver o Radio 4.
Tem meia entrada ainda? Ah, tudo bem, me vê uma. Ainda tem 48 dias até a Karen O. Vamos matar o tempo.


Pegue o ônibus e siga essa mapa. Desça nas estações certas, tá?
A Luz é bonita.
Mate o tempo na fila até a hora de entrar.
(Por favor! Faça um esforço! É um dia feliz, sorria!)


É como uma grande montanha russa daquelas bem vagabundas: em minutos, desmaia no tédio e pula com a velocidade, parece no entanto que nem o mais emocionante dos mergulhos é capaz de te fazer vibrar.
Mas no fundo, é disso que você gosta, e sabe disso! Pessoas que conhecem um bom número das bandas que você conhece, um espaço fechado, ventilado, tudo plano, luzes coloridas, refrigerante, comida e um palco grande.
(sorria, por favor)


É arte bruta. Sarcasmo, inteligência e diversão. É disso que você gosta, deles, Art Brut.
Uma das bandinhas mais legais que você já escutou e que está na sua difícil e nojentinha lista dos preferidos. Aquela que foi importante por ser o começo de uma alegria e aquela que ainda dói no peito quando lembrada. Dói? Muito, mas deixe de lado, sorria. Eddie Argos tem razão.
Parece que tudo ficou com mais cor. Deve ter sido o cabelo da Freddy (rosa, roxo, vermelho?)
Você tem a certeza e se esforça. É disso que você gosta. É sua vida.


Tome alguma coisa, vá buscar uma coca cola. Agora é Franz Ferdinand.
Se lembra de quando os ouviu pela primeira vez? Claro, era o tempo em que você ouvia Cat Power remixado com Yeah Yeah Yeahs. Era engraçado. Comprou o disco quando saiu e ainda debochava dizendo que a capa parecia propagando de cigarro antigo!
Essa é a grande chance de tudo ficar colorido de vez (se esforce mais agora!)
É verdade, é real, é carne, osso, luz, som, batida e pés no chão. Pés de alguém que salvou boa parte da infância tocando um tamborzinho e que agora, lá, ouvia tudo mais forte e correspondia a cada batida. Dez pessoas no palco batendo mãos, caixas, latas, pandeiros e pratos.


É o pulso.


Vamos, chore. Não segure tudo aí dentro. Argos e seus art bruts já te deram motivo pra chorar perdas e acreditar naquela saída de emergência. Vamos, depois você os agradece, agora deixe essa gaita de fole te levar, respire e olhe: é de verdade, você é de verdade.
Existe.
Você não tem que ser fria, tão fria desse jeito.


Ande, sinta esse maldito fogo de novo e vá queimar a cidade.


Não te importa se o show do Radio 4 começa e só você e mais 10 pessoas no máximo cantam junto. Você sabe que em menos de dez minutos, a pista fica lotada.
Te parece familiar?


Tudo é colorido. As coisas ainda não fazem sentido, é ilusão pensar que o mundo se resolve em algumas horas, mas, tudo é tão bonito lá fora que você olha e vê tudo bonito aí dentro. Na verdade, o bonito sempre ficou aí, a luz não é apenas uma estação. Tudo o que está lá se renova, termina e começa de novo.


O tudo termina com Franz, Radio 4 e Art Brut no palco, todos juntos, batucando a alma, espalhando risadas e cores que estavam faltando, olhando no teus olhos e dizendo "Vem, é a sua vez".

(é uma pena, quase consegui falar com a freddy)

Engin ummæli: