fimmtudagur, apríl 26

a cura para todo mal (the journey itself is home)

parem a antropologia. parem todas as ciências que explicam alguma coisa porque o desafio seguinte é paranormal e desafia àqueles de coração duro.
isso tudo é sinceridade. há tempos eu vinha desistindo dessa velha peter pan. depois de medulla (aliás, assunto da minha primeira resenha séria anos atrás), coloquei minha camiseta na última gaveta e abandonei meus cds. para mim, björk tinha se perdido num caminho novo, promissor e perigoso, no qual todas as inovações seguiam o mesma linha tênue entre o divino e o catastrófico. assim, nem me arrisquei muito a ouvir ou ver o drawing restraint 9, o pouco que tentei, fiquei louca, com raiva e decepcionada, pois aquele cultismo todo tinha chegado a um ponto absurdo, quase grotesco de esquisitice. parecia que era só loucura por loucura e eu não conseguia ver nenhum sentido naquilo. sintia que a única coisa boa que DR9 me trouxe, foi a reflexão de que medúlla era mesmo um grande álbum, como eu imaginava. no entanto, o exagero do trabalho seguinte conseguiu estragar. de verdade, parecia mais não ter volta e eu sentia saudades.


björk; volta



com o perdão do trocadilho, a volta é triunfal. volta, que sai agorinha, dia 7 de maio, parece um banho em todas as almas calejadas de tanta insanidade. um disco belo que nos dá a sensação de um filminho bom passando pelos olhos, mostrando toda a bagagem dessa islandesa que parece ter o rosto de menininha conservado pelo vento gelado de 5º de reykjavík. tudo, absolutamente tudo faz sentido depois de ouvir volta atentamente e fica clara a enorme influência que aqueles sete álbuns de estúdio durante toda a carreira exercem no último, já que ao longo do álbum, deja vus de alarm call, joga, vespertine e até um pouco de drawing restraint passam pelos ouvidos o tempo todo formando o casamento perfeito entre tudo o que essa doida já fez. inovação? pouca coisa, na verdade. para mim, a grande inovação é a retomada inteligente dos trabalhos anteriores, incluindo uma certa influência de bandas passadas - declare independence é puramente kukl- e os tão surpreendentes duetos com o Antony (é, aquele dos Johnsons!), apenas, o que faz de volta um álbum uma junção de paradoxos, principalmente na questão simples x complexo: o que deixa ainda mais instigante. afinal, sejamos sinceros, o mundo adora algo complicadinho.

se um dia encontrar com esse ser pequeno na rua (situação comum), gostaria de pedir desculpas a ela por ter xingado tanto o DR9, afinal, eu não poderia imaginar algo decente vindo depois.

no mais, alguns podem até espalhar coisas sobre ela: que ela continua doida, esquisitinha, temperamental, faz plástica, se droga, a islândia não existe, anda deprimida por conta do aquecimento global (que vai acabar com a islândia em 100 anos), é um et, enfim...pode ser tudo verdade, no entanto, se te falaram que volta tem um pé no hip-hip por tido a colaboração de "timberland", o guru dos pop-hops, lembre de uma coisa: "I don't think so. Come on! I'm from Iceland, I don't do hip-hop!".

3 ummæli:

Nafnlaus sagði...

como vc escreve bem!

L! sagði...

voce escreve, irritantemente, bem! haha

eu amo o Greatest Hits da Björk, e tenho medo de outros albuns (ponto).

Bruno Oliveira sagði...

Gostei muito do Vespertine. Não tive a menor paciência com Medulla, e achei que nunca mais teria a boa Bjork de volta. Então ela volta com ‘Volta’ (como podemos fazer trocadilhos infames com o nome desse álbum, não é mesmo?).

‘Volta’ é do tipo de coisa que s oBjork sabe fazer, e mais ninguém. A performance dela no Cochella foi linda (e uma das mais comentadas). Earth Intruders já nasceu pop. Preciso de um remis dessa musica urgente.